NewsO que é medicalização infantil e por que ela deve ser evitada?

27 de janeiro de 2021
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A sociedade atual costuma buscar soluções rápidas para seus problemas, o que muitas vezes envolve a utilização de remédios para resolver determinados comportamentos e atitudes. Dentro desse contexto, podemos notar a medicalização infantil, que envolve a utilização de medicamentos de forma constante durante a infância. Essa tendência é notada quando professores e familiares relacionam as dificuldades de...

A sociedade atual costuma buscar soluções rápidas para seus problemas, o que muitas vezes envolve a utilização de remédios para resolver determinados comportamentos e atitudes. Dentro desse contexto, podemos notar a medicalização infantil, que envolve a utilização de medicamentos de forma constante durante a infância.

Essa tendência é notada quando professores e familiares relacionam as dificuldades de aprendizagem a algum transtorno que precisa de tratamento médico. Assim, muitas vezes, esses problemas na escola são tratados com o uso de medicamentos, o que nem sempre é o mais indicado para todos os casos.

Neste artigo, vamos entender o que é a medicalização infantil e como ela impacta a vida das crianças. Além disso, mostraremos como evitar esse processo. Continue a leitura!

Entenda o que é a medicalização infantil

A medicalização infantil pode ser entendida como a compreensão de comportamentos e atitudes da infância como debilidades que precisam de tratamento medicamentoso. Ela é apresentada como uma estratégia eficiente para lidar com crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, são impulsivas ou hiperativas, por exemplo. Porém, nem sempre, as causas dessas questões são investigadas profundamente e os problemas do ato de medicar não são claramente expostos.

Desse modo, questões cotidianas são convertidas em doença. A escola e as famílias, que têm a missão de ajudar na inserção das crianças na sociedade, acabam contribuindo com esse fenômeno. Muitas vezes, isso impede que a criança receba um olhar cuidadoso diante de seus problemas de aprendizagem e comportamento, recebendo apenas um conforto imediato provado por um diagnóstico apressado.

Cada vez mais, escolas e famílias identificam um número expressivo de crianças com diagnósticos variados. Com o apoio do discurso médico, elas associam algumas dificuldades do cotidiano, como tristeza, ansiedade e agitação a conceitos de saúde como depressão, bipolaridade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros.

Isso não significa que o sofrimento das famílias e das crianças que apresentam algum tipo de comportamento desviante não existe, assim como não é possível negar que esses comportamentos precisam receber atenção. Entretanto, é preciso pensar de um modo mais integral, discutindo a possibilidade de outros tipos de abordagem e não apenas a medicamentosa.

Saiba como ela impacta a vida das crianças

A medicalização impacta a infância de diversas formas, tanto nos efeitos causados pelos remédios quanto no tratamento diferente que recebem de professores e familiares. Desse modo, o desenvolvimento dos estudantes tende a ser afetado por esse aspecto, o que pode trazer algumas consequências para o futuro. Confira alguns impactos dessa abordagem!

Tira a possibilidade de superação

O processo de medicalização, quando feito de forma apressada e sem investigação de causas, não dá oportunidade para que cada criança lute contra suas dificuldades de forma natural. Isso acontece porque os problemas, como os de aprendizagem, são tratados como doenças, impedindo que outras abordagens sejam utilizadas.

Desse modo, a criança é desresponsabilizada por seus comportamentos e torna-se impotente diante de seu sofrimento, sendo o médico o único capaz de saber o que fazer. Sendo assim, ela não tem a liberdade de se desenvolver e resolver seus problemas, sem a alteração química que um remédio pode proporcionar.

Estimula as famílias a justificarem comportamentos não saudáveis

Quando uma criança recebe um diagnóstico de algum transtorno muito cedo e sem as devidas investigações, a família pode passar a justificar certos comportamentos. Ou seja, em vez de orientar a criança a lidar com suas emoções, por exemplo, pais e responsáveis acreditam que por conta do suposto transtorno da criança não há como mudar certas atitudes dela.

Desse modo, a família passa a justificar as ações da criança de acordo com o diagnóstico que foi recebido. Isso é prejudicial, pois ela deixa de receber o auxílio para lidar com suas dificuldades, que nem sempre estão relacionadas a uma doença.

Limita o desenvolvimento

Outro ponto que deve ser considerado é a possibilidade de limitar o desenvolvimento durante a infância. Esse fenômeno estimula que a criança — e, quando crescer, o adulto — use o diagnóstico para explicar suas falhas e não acreditar que pode alcançar determinados resultados e posições.

Desse modo, ela passa a agir apenas de acordo com o que se espera dela como alguém com um transtorno. Sendo assim, é normal que a pessoa desista de buscar desafios que seriam possíveis, pois acredita que não tem capacidade para cumpri-los devido ao seu diagnóstico.

Saiba como evitar a medicalização infantil

Algumas atitudes ajudam a evitar a medicalização infantil, trazendo um desenvolvimento mais saudável durante essa fase da vida. Saiba o que pode ser feito!

Acompanhamento de perto das crianças

O primeiro passo para evitar a medicalização infantil é acompanhar de perto as crianças. Isso é fundamental para que a escola e a família entendam quais são as causas de determinados comportamentos.

Em muitos casos um comportamento desviante pode ser explicado por algo que está acontecendo, como a ausência dos pais, a falta de carinho em casa, o bullying sofrido na escola ou problemas dos adultos. Desse modo, as atitudes podem ser uma forma de chamar a atenção, não sendo um indício de algum transtorno.

Desenvolvimento de habilidades socioemocionais

Outro ponto muito importante é trabalhar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais desde a infância. Isso permite que as crianças aprendam a lidar com seus sentimentos, emoções e compreendam de maneira mais direta como suas atitudes e comportamentos influenciam o cotidiano.

Esses aspectos podem ser trabalhados na escola ou até mesmo em casa. Para isso, é preciso ter tempo para analisar as reações e orientar da melhor maneira possível. Desse modo, é possível identificar problemas que podem ser solucionados sem o auxílio de medicamentos, o que é mais saudável durante a infância.

Neste artigo, explicamos o que é a medicalização infantil e como ela pode ser prejudicial para as crianças. É preciso ter bastante cuidado ao analisar determinados comportamentos e atitudes como sendo algo natural ou que necessita de um acompanhamento médico e de remédios. Assim, é possível solucionar os problemas com paciência, sem pressa para garantir um conforto imediato, mas que trará consequências no futuro.

Fonte: Escola da Inteligência

 

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