Parece que foi ontem que ela o segurava em seus braços, observando cada parte sua, os olhos, o nariz, as mãos e o corpo. Ele era tão frágil e mais belo do que podia imaginar. Por nove meses ela o manteve abrigado, imaginando seu rosto e amando-o mais do que qualquer coisa no mundo. E...
NewsMeu filho vai sair de casa! O que devo e o que não devo fazer em virtude de sua partida?
Parece que foi ontem que ela o segurava em seus braços, observando cada parte sua, os olhos, o nariz, as mãos e o corpo. Ele era tão frágil e mais belo do que podia imaginar. Por nove meses ela o manteve abrigado, imaginando seu rosto e amando-o mais do que qualquer coisa no mundo. E então, apesar de ter vivido com o filho por algumas décadas, ela sempre sentia que lhe faltava tempo para brincar com ele, abraçá-lo, vê-lo dormir, conversar com ele, ver seu sorriso, cobri-lo à noite, abençoar seus sonhos com um beijo… aproveitar seu amado filho que decidiu sair de casa.
Os pais passam por vários estágios com os filhos, em que seu amor e experiência são os melhores conselheiros. No entanto, uma das fases mais complicadas é a de quando os filhos se sentem preparados para sua inevitável partida, o triste adeus a sua casa e, principalmente, a seus pais. Não importa quantas vezes você tenha ouvido a frase “os filhos nos foram emprestados”, quando chega a hora, experimentamos diferentes sentimentos, um “não sei o quê” que nos oprime, queima, machuca e destrói por dentro.
O que vou fazer se meu filho for embora?
VIVER! É preciso ter confiança em si mesmo como pai ou mãe. Se seu filho se sente maduro o suficiente para buscar independência, essa grande decisão deve ser respeitada, admirada e apoiada. Ou por querer começar uma família, trabalhar, estudar ou apenas por querer viver sozinho. Qualquer razão é válida e merece respeito e reconhecimento. Se você lhe transmitiu valores, deu-lhe uma educação e um bom exemplo, você não tem com que se preocupar, seu filho está preparado para seguir em frente, como tem demonstrado todos esses anos e nos diferentes estágios de sua vida.
Agora, se sua preocupação é mais por medo de perder seu amor, saiba que isso não vai acontecer. O amor pelos pais aumenta, muda, mas não desaparece. Agora ele vai experimentar como é estar na seu pele; terá que ser independente, responsável por uma casa, pela família e, para isso, precisará de seus conselhos e experiência. Caso ele venha passar por um momento ruim ou um fracasso, tenha certeza de que ele virá até você com a mesma coragem com que se aproximou para lhe dizer que estava saindo de casa, pois o amor é maior que o orgulho.
Ninho vazio
Em alguns casos, separar-se dos filhos pode causar a chamada síndrome do ninho vazio, que consiste em um conjunto de sentimentos negativos, como tristeza, vazio, solidão, melancolia e irritabilidade. Esses sentimentos, de acordo com a psicóloga panamenha, Graciela Hernández, podem ser normais nos primeiros dias, mas podem se agravar: “Quando a educação dos filhos é o único projeto de vida de mulheres ou homens, e quando há dificuldades de acompanhar a evolução dos filhos, a saída de casa irrompe inesperadamente, como um ato de abandono”.
Nesse caso, se você tem mais filhos, não deve ignorá-los ou compará-los com o que foi embora, muito menos jogar na cara deles que um dia vão abandoná-lo(a). Faça algumas mudanças na casa, mude os móveis, pinte, faça exercícios, artesanato, mude sua rotina, planeje uma viagem com sua família ou com seu cônjuge, saia em uma segunda lua de mel e realize seus sonhos.
O que não fazer
Quando tais decisões não são aceitas, os pais costumam fazer ou dizer coisas para segurar o filho em casa. No entanto, em muitos casos são contraproducentes, pois em vez de segurá-los, podem causar uma separação definitiva. Portanto, tenha cuidado e EVITE:
Pedir a ele para não sair. Se seu filho decidiu fazê-lo, é porque ele já tem “tudo” calculado.
Perguntar se ele já pensou bem sobre isso. Essa pergunta vai ofendê-lo em vez de questioná-lo.
Fazer chantagens. Evite frases como: “Sem você, vou me sentir muito sozinha!” ou “Você vai me abandonar!”.
Fazer ameaças. “Esquece que tem pais!”, “Não precisa mais contar conosco!”, “Se atravessar essa porta, você morreu para nós”. Não há lugar para esse tipo de frase na boca de pais que amam os filhos.
Espioná-lo. Não faça o papel de espião, investigando-o nas redes sociais ou junto a seus amigos. Se quiser saber qualquer coisa a seu respeito, pergunte diretamente a ele.
Fazer drama. Não espalhe a notícia para outros membros da família, fazendo papel de vítima. Não faça seu filho parecer o mau, tampouco jogue a família contra ele.
A separação de filhos e pais talvez seja uma das mais dolorosas, mas também é uma das mais seguras e um ótimo indicador de que você tem sido um excelente pai ou mãe. Seu papel parental termina aí, mas seu apoio nasce, cresce e se transforma; nunca desaparece.
Portanto, se você ainda tiver seu filho com você, aproveite-o ao máximo. Mas não se esqueça de prepará-lo para voar.
Fonte: Familia.com.br